A cerimônia do Mérito Cultural na Fotografia da RPCFB, comemora 10 anos da Associação com sua 1ª edição realizada em 12 de dezembro de 2020. Teve início como com a fala da Presidenta da Rede, Isabel Gouvêa, que destacou o histórico de atuação da associação, sua importância para a produção cultural em fotografia nesses últimos 10 anos e anunciou a homenagem a Iatã Canabrava, por ter idealizado a criação da Rede.
Leia abaixo e saiba mais sobre os agraciados na categoria Produção de Obra Fotográfica.
Mestre de Cerimônia: MARIA LUCILA HORN – SC (Diretora Regional Sul)
1ª Edição – Lista de agraciados
Entrega do Mérito: Thyago Nogueira
CLAUDIA ANDUJAR nasceu em 1931 na Suíça. Vive no Brasil desde 1955. Desde então, a artista e ativista dos Direitos Humanos, vive e trabalha em São Paulo. Durante a década de 70, Andujar recebeu bolsas da John Simon Guggenheim Foundation, e da Fundação de Apoio a Pesquisa (FAPESP), para fotografar e estudar a cultura Yanomami. De 1978 a 2000, Andujar trabalhou para a Comissão de Pró-Yanomami e coordenou a campanha para a demarcação do território Yanomami na Amazônia, criado em 1993. Em 2000, ela recebeu o Prêmio Anual de Liberdade Cultural-Fotografia como defensora dos Direitos Humanos da Lannan Foundation, no Novo México (EUA). Em 2003, recebeu o Prêmio Severo Gomes da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, São Paulo (Brasil), e em 2005, o Prêmio de Fotografia da APCA [Associação Paulista dos Críticos de Arte], pela exposição Vulnerabilidade do Ser, realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2008, foi homenageada pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Mérito Cultural 2008. Recebeu os Prêmios Kassel Photobook Award pelo livro Marcados e a Goethe-Medaille em Weimar. Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas e um pavilhão em Inhotim contempla a sua obra.
EVANDRO TEIXEIRA nasceu em 1935 em Irajuba na Bahia e vive no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira jornalística em 1958, em O Diário de Notícias, na capital Salvador, mudando-se depois para o Diário da Noite na cidade do Rio de Janeiro, onde se radicou e mora até hoje. Em 1963, ingressou no Jornal do Brasil, onde se tornou uma figura mítica do fotojornalismo nacional. Trabalhou no JB durante 47 anos, deixando o jornal apenas em 2010, quando a publicação interrompeu a circulação impressa para se concentrar apenas na edição online. Destacou-se em diversos campos da cobertura jornalística, desde os temas políticos até a fotografia de esporte. Entre os momentos marcantes de sua carreira figuram a cobertura da chegada do general Castello Branco ao Forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964, a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, e a queda do governo Salvador Allende, no Chile, em 1973. No ano de 1994, teve o seu currículo inserido na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Em 2004, sua vida e obra foram retratadas no documentário “Instantâneos da Realidade”. Entre os prêmios recebidos, está o da UNESCO, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa. Separamos abaixo algumas de suas mais famosas fotografias que circularam o mundo.
GERMAN LORCA nasceu em 1922 em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado em ciências contábeis tem a fotografia como hobby até 1948, quando ingressa no Foto Cine Clube Bandeirante, associação de fotógrafos e consagrado polo de difusão da fotografia moderna na cidade de São Paulo, que estimulou sua decisão de se dedicar profissionalmente à fotografia. As discussões a respeito da experimentação fotográfica, promovidas pelo Bandeirante, manifestaram-se na obra de Lorca nos anos iniciais, com as primeiras imagens de observação de rua. Registra a paisagem da cidade de São Paulo, em especial os locais da região central. Abre estúdio próprio em 1952. Em 1954, é o fotógrafo oficial das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. A partir dessa data, dedica-se com exclusividade à fotografia atuando principalmente na área de publicidade, em que conquista alguns prêmios. Sua produção da época do Foto Cine Clube Bandeirante é comentada no livro A Fotografia Moderna no Brasil, de Helouise Costa. Suas fotografias integram acervos nacionais e internacionais, como MoMA (NY), MAM, MASP, Pinacoteca, etc. A trajetória dos 70 anos de seu trabalho fotográfico foi recentemente celebrada através de uma grande retrospectiva no Itaú Cultural.
LUÍS HUMBERTO nasceu no Rio de Janeiro, RJ em 1934, vive em Brasília desde 1962. Formado em arquitetura em 1959 pela atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, funda a Universidade de Brasília em 1962, na qual foi professor inicialmente de arquitetura e urbanismo. Afastou-se da Universidade durante o período da ditadura. Torna-se fotógrafo profissional em 1966, nas revistas Veja e IstoÉ, atua como diretor de arte e editor de fotografia do Jornal de Brasília em 1973. Foi um dos fundadores da União dos Fotógrafos de Brasília, entidade pioneira no gênero no Brasil. Retorna à atividade didática como professor de fotografia na UNB quando em1992, se torna o primeiro professor titular desta disciplina numa universidade brasileira. Tem também uma importante produção de ensaio, registrando a paisagem urbana de Brasília, ao lado de ensaios intimistas, autobiográficos. Desde meados dos anos 70 escreveu regularmente ensaios técnicos e teóricos sobre fotografia, reunidos em parte no livro Fotografia: Universos & Arrabaldes que inaugurou a Coleção Luz & Reflexão da Funarte (1983). Publicas livros de fotografia sobre Brasília, inaugura a Coleção Senac de Fotografia e torna-se diretor da Fundação Cultural do Distrito Federal. Publicou em 2010 o livro Do Lado de Fora da Minha Janela, do Lado de Dentro da Minha Porta, com a edição de Samuel Iavelberg.
LUIZ CARLOS FELIZARDO nasceu em 1949, em Porto Alegre. Arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS passou a dedicar-se exclusivamente à fotografia de paisagem e arquitetura, sempre usando de câmeras de grande formato. Em 1982 realizou exposição na Galeria Fotoptica, mostrando um trabalho onde experimentava técnicas de viragem e colorização de cópias PB feitas por ele em parceria com o fotógrafo Leopoldo Plentz. Foi bolsista da Comissão Fulbright, no Arizona e em 1990 recebe a Bolsa VITAE quando realiza pesquisa sobre a vida e obra de Sommer. Realizou inúmeras mostras nacionais e internacionais, como no Museu Metropolitano de Curitiba, MASP, 1º Mês de Fotografia Latinoamericana na Argentina, Casa da Fotografia FUJI em São Paulo, Kunstmuseum Wolfsburg na Alemanha e na Fundação António Cupertino de Miranda, no Porto, em Portugal. É autor de livros reunindo artigos e ensaios sobre fotografia. Teve sua produção reunida no documentário realizado pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul e no livro e exposição “A fotografia de Luiz Carlos Felizardo”, no FestPOA.
Entrega do Mérito: Mariza Morkazel
JOÃO ROBERTO RIPPER nasceu em 1953 no Rio de Janeiro. Ocupa lugar de destaque entre os ícones da fotografia documental humanitária no Brasil e no mundo colocando sua obra sempre à serviço dos Direitos Humanos. Nos anos 90 trabalhou ao lado do Ministério Público e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) denunciando focos de trabalho escravo em minas de carvão no interior do país e fotografou durante duas décadas a triste saga dos índios Guarani Kaiowá em busca de direitos básicos, como terra, saúde e alimentação. Hoje, Ripper é visto como orquestrador de um novo olhar sob as favelas cariocas. Isto porque ele é um dos fundadores da Escola de Fotógrafos Populares que forma profissionais, prioritariamente moradores das comunidades que compõem o Complexo da Maré, na área da fotografia e jornalismo. Nos últimos anos ele tem percorrido o Brasil ministrando uma oficina intitulada Bem querer onde ensina os princípios da comunicação popular e fala sobre o método de trabalho que criou, a fotografia compartilhada, onde as pessoas fotografadas ajudam a editar o material final. Ripper tem dois livros lançados, Imagens Humanas e Retrato Escravo.
MAUREEN BISSILIAT nasceu na Inglaterra, 1931. Filha de diplomatas, cresceu viajando pelo mundo. No início dos anos 1960, trabalha na Editora Abril e entre 1964 e 1972, na revista Realidade. Acredita que o livro é a plataforma ideal para a fotografia. Realiza ensaios fotográficos e livros baseados em obras de grandes escritores brasileiros como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Euclides da Cunha, João Cabral de Melo Neto, Adélia Pardo e Jorge Amado. Sua publicação “Xingu Território Tribal”, foi feita depois da ida ao Xingu em coautoria com os irmãos Villas Boas em 1979. A convite de Darcy Ribeiro, criou o Acervo de Arte Popular Latino-Americana, coletando trabalhos de arte por toda América Latina, dando origem em 1989 ao Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina, do qual foi diretora. Em 2009, publica o livro Fotografias: Maureen Bisilliat.
NAIR BENEDICTO nasceu em 1940 em São Paulo. Fotógrafa free lancer desde a década de 1970, afirmou em cada trabalho, sua independência e sempre destacou que sua temática é política e social, pelo engajamento com questões como a situação indígena, o problema dos trabalhadores sem-terra, a posição da mulher na sociedade brasileira, tendo sido comissionada pela Unicef para realizar, durante os anos de 1988 e 89, ampla documentação sobre a situação da criança e da mulher na América Latina. É autora dos livros: A greve do ABC; A Questão do Menor [em parceria com Juca Martins]; Nair Benedicto: as melhores fotos e Vi Ver. Tem seu trabalho representado em importantes instituições nacionais e estrangeiras, como o Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Museu de Arte de São Paulo e o Museu de Arte Moderna de Nova York. Em 1979, fundou a Agência F/4 de Fotojornalismo e em 1991 a N Imagens, sempre na defesa da categoria, em pontos como direito autoral, crédito obrigatório e instituição de tabela de preços mínimos. Integrou com – Stefania Bril, Marcos Santilli, Rubens Fernandes Júnior e Fausto Chermont – o NAFOTO (Núcleo dos Amigos da Fotografia), responsável pela realização dos eventos bienais MÊS INTERNACIONAL DA FOTOGRAFIA DE SÃO PAULO, desde a década de 1970.
WALTER FIRMO nasceu em 1937 no Rio de Janeiro. Fotógrafo, jornalista e professor. Autodidata, inicia sua carreira como repórter fotográfico no jornal Última Hora, no Rio de Janeiro, em 1957. Em seguida, trabalha no Jornal do Brasil e integra a primeira equipe da revista Realidade, lançada em 1965. Conquista o Prêmio Esso de Reportagem, em 1963, com a matéria Cem Dias na Amazônia de Ninguém. Como correspondente da Editora Bloch, em 1967, permanece por seis meses em Nova York. A partir de 1971, atua na área de publicidade, sobretudo para a indústria fonográfica. Nessa época, conhecido por suas fotos coloridas e por retratar importantes cantores da música popular brasileira, inicia pesquisas sobre festas populares e folclore nacional. Entre 1973 e 1982, é premiado sete vezes no Concurso Internacional de Fotografia da Nikon. Fotografa para as revistas Veja e IstoÉ e, nos anos 1980, começa a expor seus trabalhos em galerias e museus. De 1986 a 1991, é diretor do Instituto Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte (Funarte). Em 1994, leciona no curso de jornalismo da Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, e, desde então, coordena oficinas em todo o Brasil. Entre seus livros, destacam-se Walter Firmo – Antologia Fotográfica, Parada Sobre Imagens, Rio de Janeiro Cores e Sentimentos e Firmo.
Quer assistir o vídeo da Cerimônia?
Acesse o link: Mérito Cultural na Fotografia – Comemorando 10 Anos da RPCFB do YouTube da RPCFB.